Dados da ANTT mostram que, de 2001 a 2016, a velocidade dos trens caiu entre 5% e 76%; há casos em que as locomotivas circulam a menos de 10 km/h; falta de investimentos e aumento da carga em alguns trechos estão entre as explicações
Reneé Pereira, O Estado de S. Paulo
01 Janeiro 2018 | 22h00
Movimentação de trens das companhias Rumo e ALL no terminal de cargas do Porto de Santos Foto: Tiago Queiróz/Estadão
A velocidade das ferrovias brasileiras caiu tanto nos últimos anos que hoje um maratonista olímpico conseguiria superar os trens que circulam em vários trechos da malha nacional. Em alguns casos, as locomotivas e vagões andam, em média, a menos de dez quilômetros por hora (km/h) – número menor que os indicadores de 2001, quando as estatísticas começaram a ser levantadas. A melhor marca nacional, em torno de 27 km/h, está bem abaixo da registrada nos Estados Unidos, por exemplo, onde os trens circulam a 45 km/h.
Privatizadas há 20 anos e prestes a terem os contratos renovados antecipadamente, essas estradas de ferro enfrentam uma série de gargalos, que atrapalham a produtividade do transporte nacional – hoje altamente dependente das rodovias. A origem do problema tem várias vertentes. Começa com a morosidade e a incapacidade do governo de resolver conflitos de sua competência no setor; passa pela falta de investimentos adequados nas vias; e termina na saturação de alguns trechos, com o aumento de carga movimentada.
O resultado se reflete na curva de velocidade. Dados do Anuário Estatístico da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) mostram que de 2001 até 2016, a queda da velocidade dos trens variou de 5% e 76%. Apenas uma – a MRS – conseguiu melhorar o indicador. Veja o gráfico abaixo: